segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Começando

Estou começando este blog, inicialmente, com alguns propósitos: ajudar minha mãe, reunir pessoas com o mesmo tipo de problema que ela.

Um dos problemas que minha mãe enfrenta é o tratamento de um câncer de pulmão, mas esse é o nosso começo, a parte principal do problema é que ela está encontrando muitas dificuldades em receber o remédio necessário para o seu tratamento, pelos serviços públicos de saúde do Estado e da Cidade do Rio de Janeiro.

Nós Sabemos que uma parcela da população brasileira não tem como bancar todas as necessidades de suas famílias e precisa recorrer a algum ou alguns dos mais variados tipos de serviços fornecidos pelas três esferas de Governo (Federal, Estadual e Municipal), serviços estes que são garantidos por leis que obrigam o Governo a prestá-los a toda a população, como educação com creches, escolas e faculdades, segurança com polícia, bombeiros e defesa civil, saúde com hospitais, postos de saúde, além de vários outros tipos de serviços.

Nós sabemos também, e não é de hoje que, a saúde pública no Brasil se encontra em péssimas condições, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais que prestam este atendimento à população.

Pois bem, como disse, minha mãe está se tratando de um câncer e precisa de um remédio diário como parte de seu tratamento, que já envolveu quimioterapia e radioterapia em outras etapas, mas agora só é necessário um único comprimido por dia, de um medicamento aporvado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 2006.

Já faz 2 meses que ela não recebe este remédio da Secretaria de Saúde do Estado e as respostas aos contatos dela com os representantes desta secretaria são as mais variadas, desde que o remédio já foi pedido para o dia X, ou que o remédio se encontra em falta e ainda que o remédio não faz parte do fornecimento normal e que ela deveria se dirigir a um hospital com clínica oncológica para pedir a medicação.

Foi então que resolvi abrir este espaço para divulgar um problema que está acontecendo, não só com a minha mãe, mas com muitas pessoas por todo o país e assim tentar dar alguma visibilidade a todos esses casos, para buscarmos uma solução mais digna, e principalmente definitiva, por parte do Governo, para tantas pessoas que precisam de um remédio para sua sobrevivência, pessoas que trabalham ou trabalharam e pagam seus impostos em dia, e por isso, têm o direito ao acesso a esses serviços.

Gostaria de contar com o apoio da comunidade e de todos os que lerem esses posts, repassando e indicando esta página para quem se encontra em situação parecida. A página estará aberta a todos que quiserem enviar seus relatos e todos que quiserem os terão publicados aqui, como forma de cobrança da nossa parte por uma resposta.

Começo com o próprio relato de minha mãe, contando um pouco do que passou até aqui e repito que o espaço estará aberto a todos que quiserem compartilhar suas experiências.

Podem deixar comentários ou se quiserem escrevam também para: faltaremedio@gmail.com



Abraço a todos

3 comentários:

Anônimo disse...

Muita gente realmente precisa. Quase diariamente passa na TV notícias das filas nos hospitais e clínicas, há muitos casos, de inúmeras doenças, de mais simples às mais graves, e parece não ser suficiente o atendimento nesses postos, nem a quantidade de médicos e especialistas.

Ainda há muito o que resolver, e não se muda de uma hora para outra. Mas temos que cobrar, temos que juntar forças e pedir, implorar, batalhar por nossos direitos.

angela beatriz disse...

Há quase cinco anos, com 50 de idade, retirei um pulmão por causa de um adenocarcinoma e, assim como a Olívia, também nunca fumei .
Um ano depois de terminada a quimioterapia tive metástase óssea, reiniciei as sessões de quimio e recebi um prognóstico bastante ruim - de oito meses a uma ano de vida.
Na época meu médico me indicou o Tarceva de 150mg, que estava chegando ao Brasil, e o tomo desde agosto de 2006 e, contrariando as previsões, EU NÃO MORRI! Pelo contrário - estou cheia de gás, trabalhando e me sentindo com mais disposição e energia do que antes da cirurgia.
O governo do Estado do Rio de Janeiro há dois meses não me entrega o medicamento. O Município, por sua vez, o prometeu para daqui a 30 dias. Já foi determinada pelo juiz busca e apreensão do remédio nas farmácias do Estado, do Município e da União Federal, porém nada foi encontrado em nenhuma delas.
A resposta que recebi de uma funcionária pública diante de tal ordem judicial foi a seguinte: "- Mesmo que o juiz determine busca e apreensão não vão encontrar nada, porque aqui não temos o Tarceva; já foi feito o pedido de compra e agora só podemos aguardar. Não tomamos nenhuma medida para acelerar a entrega."
Recentemente foi determinado pelo juiz que os entes públicos fornecessem o remédio, SOB PENA DE CRIME DE DESOBEDÊNCIA, previsto no artigo 330 do Código Penal.
Segundo a advogada que me assiste, estamos aguardando o juiz tomar a próxima providência, que deverá ser a prisão dos responsáveis pela entrega do medicamento.
A sensação de impotência e o medo de interromper a situação que vem me mantendo viva e com saúde há tanto tempo devem ser bem compreendidas por quem depende, para se tratar e continuar vivendo, da Saúde Pública. O que deveria ser um DIREITO do cidadão é tratado com uma displicência e descaso que chegam a ser aviltantes!
Que alegria poder me juntar, através deste blog, a outras pessoas nas mesmas condições para dividirmos o problema e podermos somar saídas possíveis!

Anônimo disse...

Nossa Angela, muito crítico mesmo.

Já passou da hora do juíz dar o novo passo e caçar os responsáveis pelo atraso. Verba para compra de remédios há, é só ser canalisade de forma correta.